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sexta-feira, 27 de junho de 2014

nunca houve diversão


       DA "DIVERSÃO A DEPRESSÃO




2004 estava no final, já tinha passado metade do ano quando entrei para o grupo dos insanos profissionais. Na verdade acho que fui eu quem os profissionalizei, por que, só depois que eles me conheceram de verdade, foi que eles viram o que era ser louco ao extremo. Até então eles se divertiam apenas bebendo e se drogando até cair. Mas comigo eles aprenderam o que era "diversão" de verdade.

Eu os convencia a desafiar a polícia, isso por eu não podia ver uma viatura ou um policial por perto que começava a falar asneiras do tipo; "alguém me prenda por favor, estou com um kilo de cocaína". Ou a cantar,aos berros, músicas que fazem crítica à polícia, como uma música chamada "Polícia" dos titãs. Sem contar que nenhuma viatura da polícia que estivesse sem seus donos por perto escapava de vandalismo.

De alguma forma tínhamos que danificar, rabiscar, apedrejar e até tentávamos incendiar algumas as vezes, graças a Deus todas sem sucesso. Fora essa afeição que tínhamos pela polícia, curtíamos bastante invadir casarões abandonados e fazer nossas festas por lá. Levávamos aparelhos de som e ficávamos lá a noite toda com a casa cheia de velas acessas, bebendo, cheirando e usando tudo o que aparecesse em nossa frente.

Os acidentes também eram comuns, com tanta gente louca juntas seria impossível ninguém  sair de lá machucado. Por várias vezes fomos retirados desses lugares pela polícia ou mesmo por seguranças particulares das rua em que resolvíamos tocar o terror. Vivíamos sempre bêbados e muito drogados, e quase nunca permanecíamos juntos até o fim da madrugada. Isso por que as brigas entres nós eram constantes e até comuns, de certa forma nós nos divertíamos até dando porrada uns nos outros.

Quando o grupo se dividia por alguma questão, normalmente fazíamos uma votação para sair do impasse. Mas como eu adorava uma confusão e me diverti com elas decretava pancadaria, isso por que a última palavra também passou a ser minha. E assim o pau comia até ir um grupo para cada lado, para então no outro dia nos encontrarmos novamente e ficarmos rindo dos hematomas uns dos outros.

A galera pegava pesado nas drogas, alguns fumavam até crack, já outros como meu primo e Thiago iam ainda mais longe. Certa vez eu estava  pela rua procurando por eles. Fui até a represa e nada. Como não os encontrei lá resolvi ir até a casa do meu primo ver se eles estavam por lá. Assim que cheguei lá, ainda da calçada comecei a ouvir os gritos e gargalhadas de vindos de dentro da casa.

Toquei a campainha e quem veio atender foi meu primo. Eu levei um baita susto quando ele abriu o portão, o cara estava todo arrebentado, completamente ensanguentado e o que é pior não parava de rir e não falava nada com nada. Quando entrei encontrei um cenário de horror, a casa toda destruída , tudo fora do lugar , sangue por todos os lados, e num sofá estava Thiago com um saquinho na mão, também todo quebrado e rindo sem parar.

Logo descobri que aquilo tudo era resultado da lata de cola de sapateiro que eles baforaram, duas cartelas de um remédio que eu não devo falar o nome e várias garrafas de vodca espalhadas pela casa. Os dois idiotas se drogaram tanto que entraram numa onda de brincar de lutinha, só que nenhum dos dois tinha mais noção do que estavam fazendo e acabaram se arrebentando na porrada de tão anestesiados que estavam.

Era deprimente aquela cena dos dois babando que nem loucos e ensanguentados. Ocorreram inúmeros casos em que nós nos demos mal por causa das drogas. Mas de todos alguns são inesquecíveis, como por exemplo o dia em que os policiais fizeram gincana com a gente na represa. Tudo começou quando ainda estávamos na casa do meu primo, à tarde. Estávamos  cheirando e bebendo o dia inteiro quando de repente alguém teve a ideia de irmos para a represa.

Antes de sairmos eu juntei todas as embalagens de drogas que sempre ficavam espalhadas pela casa e disse ao meu primo que se livrasse delas. Então fomos todos, eufóricos, cantantes, alegres, drogados e festejantes. Mal  sabendo que naquele dia frio estávamos prestes à participar de uma brincadeira nada agradável organizada por policiais. Bem vindos a gincana do tronco!


Enquanto isso...

Olá queridos companheiros! Como vão todos?
É com muita tristeza que os digo que gostaria de ter mantido as postagens, que já fazem umas três semanas que não acontecem. O motivo é o pior dos possíveis, eu recaí. Ainda estou fraco pra escrever bem sobre como  foi que isso aconteceu, mas só interrompi o uso a dois dias, e hoje encontrei forças para voltar ao nosso blog e dar-lhes explicações pelo sumiço. Está sendo difícil retomar a vida depois de uma rasteira dessas da droga, pois acho que todos sabem que eu estava a trinta e três dias limpo e em tratamento. Não vou me entregar de jeito nenhum, preciso voltar para o grupo, pegar minha fichinha branca e partir pra cima da recuperação. Além disso, outra coisa que me deixa muito motivado é que eu tenho todos vocês que vem acompanhando minha história e me dando força para continuar. Peço desculpa a todos pela decepção e prometo que não vou abandonar minha recuperação e nem vou  abandoná-los com o blog. Amentemente é para isso mesmo para nunca nos esquecermos de que o que parece verdadeiro pode ser falso, e do que parece impossível, seja mais possível do que imaginamos. Mais uma vez desfiz  de um monte de coisas minhas, só que o que mais está me doendo é que acabei de novo com o sonho de minha namorada de que dessa vez daria certo e que em breve estaríamos nos casando e tendo o nosso tão sonhado bebê. Bom acabar não acabei, por que desta vez vou fazer tudo o que eu não fiz pra ficar limpo , apenas adiei de forma dolorosa esse sonho. Mas tenho medo de ela desistir antes que eu consiga, pois ela já vem tentando isso a mais de dois anos, por isso peço a ajuda de todos, em suas orações, peçam a Deus por mim, pois se eu perder esta mulher eu não sou mais ninguém. Obrigado a todos que tem me dado todo tipo de ajuda, daqui continuarei fazendo a minha parte, contando essa dolorida história e lutando para vencer esse mal e através do meu exemplo tirar muitas pessoa desse buraco frio e escuro chamado dependência química.  Um grande abraço a todos!

 E fiquem com Deus!  Obrigado!

terça-feira, 10 de junho de 2014

No melhor estilo grunge


                                                   



               A destruidora e letal diversão


No dia de ir até o local onde possivelmente eu seria preso, confesso que pensei em fugir, mas pra onde? Eu já estava em São Paulo, tecnicamente fugido, para onde eu iria desta vez? Não havia mais saída.  Tive que encarar as consequências, pois fugir, para mais longe que fosse, não livraria de ser procurado pela polícia.

Então tomei coragem e fui, durante todo o trajeto fiquei pensando no que falaria em minha defesa, mas não havia explicação ou justificativa para ter feito aquilo. Assim que cheguei lá fui direto falar com a dona do estacionamento e, quando ela me viu começou a chorar e a dar graças a Deus que eu estava bem.

 Ela me perdoou e disse que acreditava em mim. também me fez prometer que nunca mais voltaria a beber. Na rua, os vizinhos se alarmaram com a notícia de que eu estava de volta, toda a vizinhança já sabia da história. Quando meu pai me viu sua reação foi simplesmente balançar a cabeça, ele não quis nem ouvir minha versão do que de fato tinha acontecido.

 A única coisa que ele me disse foi que eu podia esquecer meu pagamento por um bom tempo, pois o prejuízo tinha sido enorme. Quanto ao dono do carro, quem eu achava que iria voar no meu pescoço quando me visse, se apresentou solidário comigo, disse que realmente não tinha ficado com raiva e sim preocupado com o que poderia me acontecer.

Ele me deu um bom sermão seguido de vários conselhos e me disse que estava tudo resolvido  ali mesmo. Depois me contou que a história de ter que dar explicações para a polícia não era verdade, foi apenas uma forma de me fazer voltar lá e me retratar com todos e, principalmente por que o mínimo que eu podia fazer era trabalhar para pagar seu prejuízo.

E assim foi, pelo menos desta vez eu corri da responsabilidade e, em pouco tempo paguei o que ele havia gasto em peças e acessórios, já o concerto das várias batidas que eu dei com o carro, fizemos lá mesmo na oficina. Paguei um preço alto pelo que fiz, perder dois ou três pagamentos não foi nada, pior foi passar a ser evitado por todos, era doloroso ver aqueles olhares de desprezo que todos tinham por mim. Me sentia detestável!

E a indignação das pessoas aumentou ainda mais depois que me viram bebendo novamente, pouco tempo depois daquilo tudo ter acontecido. Era uma bola de neve que faria parte da minha vida ainda por muito tempo. Não conseguia lidar com as consequências das minhas ações, a dolorosa realidade pós cagadas me levavam diretamente para minha fuga; drogas, drogas e mais drogas. 

Contudo o negócio do meu pai não ia nada bem, ele atribuía a quase total falta de serviços ao que eu tinha feito,eu também achava que sim. Eu podia ser insano mas não era burro, nem eu deixaria meu carro onde trabalhasse um marginalzinho como eu e, infelizmente a minha fama tinha se espalhado rapidamente. Então em menos de quatro meses depois tivemos que fechar as portas, não tínhamos dinheiro para o aluguel.

Meu pai levou todo o equipamento para a oficina de um amigo dele e passou a trabalhar lá também. Alugou uma casinha pequena para nós dois dividirmos o aluguel, enquanto eu passei a procurar emprego em outros lugares, por que o amigo de meu pai jamais me daria trabalho. Cada vez mais perdido, não parei pra pensar que talvez fosse hora de mudar de comportamento. Já faziam seis anos que usava drogas e, nesse espaço de tempo só havia perdido tempo,dinheiro, saúde, amigos, tudo, nenhuma conquista.

Mas essa é a doença do ainda, da negação e, para mim as drogas não representavam nenhum problema, eu pensava que as coisas negativas que aconteciam cada vez mais, se tratava apenas de muita falta de sorte. Fiquei morando com meu pai até o que eu achava que era falta de sorte começar a acontecer. Arranjei um trabalho em uma oficina lá pelas redondezas, mas nada mudou. Em pouco tempo já conhecia todas as bocas de fumo e traficantes da região.

E não demorou muito para a situação em casa ficar insustentável, as brigas eram constantes e, sempre pelo mesmo motivo, eu nunca chegava em casa com a minha parte do aluguel como tínhamos combinado. Até que um dia , durante uma dessas discussões, peguei minhas coisas e fui embora. Pedi ajuda a minha tia (a mesma que eu fui me esconder na casa dela quando roubei o carro), pois ela ainda não sabia muito bem o que eu andava fazendo, por isso deixou que eu ficasse lá com a condição de arrumar logo um trabalho.

Quando ela me perguntou por que eu não fiquei com meu pai, disse a ela que era por que ele bebia todos os dias e eu já estava entrando nessa também, por isso precisava sair de lá, pois queria parar de beber. O golpe de mestre de um bom adicto, manipulador e mentiroso, me achava muito esperto, pobre de mim. Mas minha máscara não duraria muito tempo, a obsessão pelas drogas só aumentava, enquanto o auto-controle só diminuía.

Nessa época meu primo andava com uma galerinha da pesada, eram grunges (culto a um estilo de rock) fanáticos, alienados até os ossos, viviam para beber e se drogar ao som de nirvana e, nada mais. E eu, adivinhem só? Obviamente,  achei que aquilo é que era viver, que era ser livre, rebeldia sem causa, o máximo. Passei a andar com eles e em pouco tempo me tornei uma espécie de chefe do bando, pois eu era o mais velho e mais louco também, eles vibravam com as minhas insanidades, era patético.

Só andávamos juntos, sempre com garrafas de bebida e drogas a tiracolo. No grupo, andava também um amigo de meu primo chamado Thiago, fizemos uma amizade especial pelo fato de sermos os únicos que tocavam violão. Passamos a compor músicas juntos, sonhávamos em montar uma banda. Ele era muito jovem, tinha apenas dezesseis anos, por isso era muito influenciado por mim, eu era seu ídolo.

Nosso point era a represa do Guarapiranga que ficava próximo as nossas casas. Íamos lá praticamente todos os dias, fazíamos fogueiras e ficávamos bebendo, nos drogando e tocando nossos hinos sagrados de Nirvana e Pearl Jam. Passávamos a madrugada inteira por lá, naquele lugar aconteceram as mais inóspitas situações decorrentes dos efeitos das drogas que usávamos. E usávamos de tudo, a onda era ficar o quanto mais louco possível e, meu apelido não poderia deixar de ser outro, só me chamavam de Jim, às vezes de Cazuza também.

Vivíamos numa eterna e alucinada viajem sem sentido, mas sem sentido nenhum, nunca vi nada mais estúpido do que cheirar cola de sapateiro ou tomar várias cartelas de remédios controlados com litros e litros de álcool. A diversão ali era dançar com a morte a beira de um precipício. Viva ao Rock'inRoll!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

cavando a própria cova


                                                               

               Brincando com o azar, contando com a sorte

                                                               

Como sempre, havia me superado em matéria de fazer os outros se arrependerem de ter confiado em mim. A minha idiotice causou um verdadeiro caos na vida das pessoas. A dona do estacionamento não sabia explicar para o dono do carro, como eu havia pego as chaves. Meu pai não sabia dizer por que eu tinha feito aquilo ou para onde eu tinha levado o carro.

Mas o problema maior foi que o dono do carro, precisava acionar o seguro e para isso, precisava dar queixa de roubo. Caso ele fizesse isso, eu fatalmente seria preso, então concordaram em esperar um pouco mais, na esperança de que eu voltasse logo, e com o carro.

Naquela noite eu quase me matei, estava muito alcoolizado, mas ainda assim me lembro de ter visto o velocímetro marcando 260 km/h. Quando estourou o pneu pela segunda vez já era de manhã, e não tinha outro estepe pra trocar. Mas era incrível, como eu achava uma maneira de resolver um problema arrumando outro. Eu tive a iluminação de pegar o macaco e a chave de rodas do carro e tirar uma roda do primeiro veículo que eu encontrasse estacionado na rua.

Nas para o meu azar, ou para a minha sorte, quando comecei a levantar um carro para tirar-lhe a roda, um segurança da rua que fazia patrulha de moto, passou e suspeitou da minha atividade, porém não falou nada apenas passou olhando para mim. Eu achei que tinha passado batido, só que depois de alguns minutos surgiram três caras do nada andando na minha direção.

Como eles não conversavam entre eles, apenas caminhavam me olhando, percebi que estava em apuros e não pensei duas vezes, sai correndo. Assim que comecei a correr um deles gritou “polícia, parado aí”. Quando olho pra trás, vejo que ele estava armado, foi ai que corri ainda mais, e nesse instante começaram os disparos. Eles abriram fogo contra mim, vários tiros. Não sei se foram para o alto ou se eu tive a sorte de não ser atingido, só sei que sai em disparada, correndo muito.

Atravessei uma avenida com carros passando em alta velocidade, e nem mesmo olhei para os lados, tive muita sorte escapando dos tiros e de ser atropelado. Entrei no primeiro ônibus que passou e consegui fugir. Não foi naquele dia que morri ou fui preso, entretanto estava enrascado, não teria como levar o carro de volta e nem sequer sabia que lugar era aquele onde eu o havia deixado.

Sem saber o que fazer fui para a casa de uma tia me esconder, até saber como aquilo terminaria. Eu ainda não fazia ideia da dimensão do problema que tinha arrumado, até o telefone tocar e meu primo atender. Era meu pai desesperado, perguntando se eu não tinha aparecido por lá. Ele contou ao meu primo o que eu tinha feito, e disse que se eu não entrasse em contato com ele o mais rápido possível, corria serio risco de ser preso por roubo de automóvel.  Completou dizendo que ninguém estava com raiva de mim, eles queriam sim, era me ajudar.

Disseram que eu não precisava levar o carro até lá se não quisesse, bastava que o deixasse em algum lugar e ligasse dizendo onde, para eles buscarem. Bom, a primeira parte eu já tinha feito, mas a segunda já não sabia se teria como fazer. Eu tentava lembrar de alguma coisa que pudesse servir como ponto de referencia, de onde eu havia abandonado o carro, mas na adrenalina em que eu me evadi de lá, não lembrava mais nem qual era a cor do carro.

Sem ter o que fazer, minha única opção foi esperar e, rezar? Que rezar que nada, eu não estava nem ai, de tão preocupado que estava, fomos eu e meu primo buscar bebida e maconha com o dinheiro que havia restado. Eu costumava pensar que se estava tudo ruim não havia mais como piorar, sempre me ferrei mais do deveria com essa ideia. Então, continuei me endoidando como se nada estivesse acontecendo, comentava o episódio com meu primo como se fosse a coisa mais irada e admirável do mundo, santa estupidez!

Enquanto isso, lá na oficina o clima era de muita preocupação, pois o fato de não ter notícias incluía não saber se ao menos eu estava vivo. Um outro primo mais velho, me ligou oferecendo ajuda, por que meu pai havia ligado para ele contando o que tinha acontecido. Todos diziam a mesma coisa, que bastava eu dizer a localização do carro  e pronto, mas essa era a única informação  que eu não tinha. A essa altura todos já sabiam onde eu estava e que estava bem, por isso resolvi ligar lá e contar em que situação eu tinha deixado o  carro.

       E as notícias que tive não foram nada tranqüilizadoras, meu pai disse que se aquele carro não aparecesse nós teríamos que comprar outro e,  não tínhamos dinheiro para isso. A única saída seria fechar a oficina, vender todo o equipamento e ainda ver se o dinheiro daria. Dessa vez eu havia quebrado todos os meus recordes anteriores na arte de causar problemas, minha insanidade agora causaria a falência súbita de meu pai.

     Entretanto, a sorte nunca resistiu em me dar uma mãozinha, o desfecho desta história não foi pior do poderia ser. Isso por que o dono do carro tinha um amigo policial que conseguiu acionar a busca do automóvel sem fazer registro de ocorrência. Então já no dia seguinte, três dias depois do ocorrido, encontraram o carro, sem as quatro rodas, sem o equipamento de som e até o banco do motorista levaram. Quando recebi a notícia fiquei muito aliviado, mas esse alívio só durou até receber a notícia seguinte.

 Pelo fato de o carro ter sido praticamente depenado, o amigo policial levantou a suspeita de tudo ter sido premeditado por mim e, apesar de meu pai se comprometer a pagar o prejuízo, ficou combinado que eu deveria ir até lá e explicar pessoalmente como tudo aconteceu. Caso contrário eles entenderiam que se tratou de um plano para vender as peças do carro e, quem pagaria por isso já não seria meu pai, e sim eu.

      E agora? Como eu explicaria que não se tratava de um crime premeditado quando todos os indícios apontavam que sim? Agora ninguém poderia me livrar a cara, somente ir até lá e encarar de frente a cagada que eu tinha feito, me livraria de ser considerado foragido da polícia, isso, se eles acreditassem na minha versão. Depois de muito resistir a ideia de dar a cara a tapa e ainda correr o risco de ser preso por uma coisa que eu não fiz, ou melhor, que fiz com que acontecesse, tomei coragem e fui lá. Que sufoco!



     Enquanto isso...

 Olá queridos amigos! Tudo bem?


Mais uma semana se inicia e com ela novos desafios. O fim de semana que passou foi de muitas conquistas e momentos de alegria. Meu compromisso comigo continua sendo aprender a viver sem drogas e apreciar as coisas boas da vida. E com a ajuda de Deus isso vem sendo possível, claro que não sem uma boa dose de boa vontade da minha parte.

 Com certeza, o que tem sido mais gratificante é sentir-me livre do desejo de usar, com isso, torna-se possível enxergar o futuro que antes era temível, obscuro e incerto. A vida nos ensina com pouca coisa o que achamos precisar de muito para entender. Ontem completei 32 anos de idade, e desde que me entendo por gente não me lembro de ser tão legal completar mais ano de vida.

Não é uma festa lotada de gente, muito menos um presente caro que fazem dessa data um dia feliz, e sim ver refletido no olhar daqueles que me amam a certeza de que não estavam errados quando apostaram em mim. Nenhum presente material ou elogio é maior e mais sublime do que ser motivo de orgulho para nossa família. No lugar da decepção, a admiração. No lugar receio, a confiança. No lugar da preocupação, planos!

Essa foi a grande lição que tive no dia do meu aniversário, e o melhor presente que eu poderia ganhar, saber que para quem me ama, não importa o que eu fiz, não importa quantos prejuízos causei ou quantas vezes os troquei pelas drogas. O que importa para essas pessoas é saber que hoje eu também me importo com elas, é saber que a presença delas em minha vida hoje, é meu maior bem. Que eu troco qualquer coisa para estar com eles e, ao lado deles, nada me falta.

Estou vivendo tudo que um dia pedi a Deus, e isso me foi dado já faz algum tempo, mas somente agora, pela graça do Divino, pude enxergar que tudo o que eu preciso para ser feliz se encontra bem nas minhas mãos. É só isso, não preciso de mais nada, nada pode me fazer mais feliz do que amar e ser amado, e esse direito, as drogas não me tiram mais.

Muito obrigado a todos que mandaram mensagens de felicitações  por meu aniversário, com certeza todos vocês também se incluem na lista de pessoas que fazem minha recuperação possível. Sábado passado completei trinta dias limpo, minha primeira conquista nas etapas iniciais de recuperação e reformulação. Sou imensamente grato a exatamente tudo e a todos. Que venham os próximos trinta, enquanto isso, só por hoje não cometerei os mesmos erros do passado. 

Recuperar-se vem se tornando cada vez mais possível, desde que comecei a entender melhor o sentido das palavras: HUMILDADE, SINCERIDADE E HONESTIDADE!

 Mais um dia livre, limpo e sereno para todos!




sexta-feira, 6 de junho de 2014

E as pedras rolaram

           Riscos além da nossa própria imaginação



Era junho de 2004, eu havia completado vinte e dois anos, acho que quanto mais o tempo passava, mais eu estava me conformando com o que as drogas estavam fazendo comigo. É um processo lento e imperceptível (para o dependente químico), que pode levar anos ou apenas alguns meses, mas o fato é que aos poucos vamos nos moldando conforme a doença progride. E a única forma de se convencer de que destruir-se lentamente é uma escolha consciente é através da ilusão, da negação, do auto-engano, da prepotência e da arrogância. E foi  exatamente assim que eu passei a agir, avesso à realidade.

   Como se não fosse o bastante o que eu já andava aprontando, ainda fiz por onde piorar mais ainda minha situação naquele lugar. Numa certa noite, como de costume, eu e meu pai saímos para beber, e como sempre na hora de parar eu me neguei, pra mim não tinha a menor graça  parar de beber antes de começar a cambalear e filosofar asneiras. Me lembro que nesse dia meu pai estava contente com o resultado do trabalho da semana, por isso não se importou em me deixar lá bebendo até mais tarde e foi embora.

   Fiquei no mesmo bar um tempo e logo fui dar uma volta atrás de drogas, perguntei pra um e pra outro, ninguém sabia de nada. Então lembrei da pista de skate que ficava nas proximidades e fui até lá, sabia que  seria possível achar pelo menos maconha com os skatistas. Chegando lá encontrei apenas um cara sentado fumando um cigarro, me aproximei, cumprimentei-o e fui logo ao assunto. Perguntei-lhe se sabia onde eu pudesse comprar cocaína, ele disse que por ali estava em falta, que nas redondezas era mais fácil achar maconha. Bingo! Como eu suspeitava.

   Não fiquei tão feliz assim como ficaria se a droga mais fácil de encontrar fosse outra mas, tudo bem, disse eu, convidando-o a irmos buscar a erva fumar comigo. O carinha até que era gente boa, tínhamos o mesmo gosto musical em comum, por isso, assunto não nos faltou. No meio do caminho, para onde compraríamos a erva, resolvemos comprar um a bebida para esquentar um pouco, pois era  madrugada e fazia um frio de rachar. Paramos em um barzinho, compramos uma garrafa de conhaque e seguimos bebendo no gargalo pela rua como eu adorava fazer, me sentia o próprio Jim.

    Achamos o que fomos buscar e voltamos para a pista de skate, ficando por lá até uma certa hora. Em um determinado momento eu disse a  meu novo amigo que estava com fome e, perguntei o que ele achava de dividirmos uma  pizza, ele concordou e então partimos em busca de uma pizzaria que estivesse aberta. Não encontramos nenhuma por onde procuramos, foi quando me lembrei que havia uma perto de onde eu morava e que funcionava 24  horas. Fomos até lá, compramos nossa pizza e eu o convidei para irmos até a minha casa (que era também a oficina) para comermos a pizza lá.

   Foi ai que a confusão teve inicio, após a gente comer a pizza  meu coleguinha simplesmente apagou no sofá onde eu dormia, o cara pegou num sono tão pesado que eu não consegui acordá-lo. Puto da vida, peguei a garrafa de conhaque, entrei em um carro que estava lá dentro, liguei o som e fiquei lá, bebendo e pensando no que eu ia falar para meu pai, quando ele acordasse e encontrasse um sujeito que ele nunca viu dormindo na casa dele. Só que infelizmente, meu pai não teria nem tempo de dormir até de manhã para ter problemas, tudo por que eu matei a garrafa de conhaque, saí para comprar mais cerveja, voltei, bebi todas as cervejas para então, ter a ideia mais estúpida do mundo; "pegar um carro e sair sem rumo".
    
  O que fiz naquele dia foi uma das maiores insanidades que cometi até hoje, sem pensar nas consequências comecei a executar um plano pra sair com um carro às tantas da madrugada, e que é pior, o único carro que dava para eu pegar, era o que estava de frente para o portão, pois para tirar qualquer outro eu teria que tirar aquele primeiro. E esse carro não era de cliente da oficina, era um dos carros que passavam a noite no estacionamento. Estava completamente embriagado,  mas me lembro de quase tudo, sabia que não poderia fazer nenhum barulho, por que a senhora dona da casa tinha um sono bastante leve. Pé por pé, fui até onde ficavam as chaves e peguei a correspondente ao carro que estava de frente pra saída.

   Era hora de ver no que ia dar, fui até o quarto onde meu pai dormia, peguei uma grana dele, passei no salão onde o babaquinha tinha apagado pra ver se ele acordara , como ainda estava dormindo eu teria de ir sozinho mesmo. E lá fui eu, como sabia que o portão faria barulho ao soltar as correntes, primeiro abri o carro pondo a chave no contato e deixando a porta entreaberta, onde o carro estava era uma decida, então numa velocidade incrível eu abri o portão fazendo um barulho enorme e, quando eu entrava no carro o filho da velha apareceu na janela, ele não imaginava o que estava, mas soube depois do que me viu fazer.

  Com o portão aberto eu entrei no carro, soltei o freio de mão deixando o carro descer com tudo para o meio da rua, somente depois dei partida e saí cantando pneus. Só me lembro de ouvir o cara gritando da janela; "O que é que você está fazendo? onde você vai com esse carro?  Já era tarde, sai a mil por hora por que achei que ele viria atrás de mim. O pior foi que quando foram acordar meu pai dizendo que eu tinha saído com um carro do estacionamento, ele foi até onde eu dormia e viu o cara deitado lá e achou que era eu. Ai ele voltou até lá fora e disse que devia ter sido um ladão por que eu estava dormindo.

  Mas o filho da velha disse que tinha certeza de que havia sido eu, eles então começaram a discutir, meu dizendo que não era possível pois eu estava dormindo, o cara insistindo que tinha certeza que era eu, virou uma confusão só. Meu pai então não teve outra opção a não ser me acordar para todos verem que eu estava lá. Foi aí que ninguém entendeu mais nada, quando meu pai acendeu a luz e se aproximou do sofá quase caiu pra trás,  Havia realmente alguém lá, mas aquele não era o filho dele. O pior foi que nem o próprio cara que tinha dormido lá sabia dizer o que estava fazendo ali, muito menos o que tinha acontecido em relação ao carro. O imbecil nem sequer se lembrava do meu nome.

   Botaram ele pra correr de lá debaixo de tapas, até hoje esse cara deve me odiar pelo que eu fiz ele passar. Tudo isso que aconteceu, depois que fugi com o carro, meu pai me contou quando eu voltei lá, obrigado, para pedir desculpas pelo que fiz. Mas até eu ser encontrado, ou melhor, até o carro ser encontrado o clima ficou tenso por lá. Eu rodei ate de manhã com o carro, estourei o pneu e bati com ele várias vezes. Mas o pior de tudo ainda seria ter pego o carro sem permissão, se eu não o tivesse abandonado sem saber dizer aonde depois.

    
   Enquanto isso...



 Olá queridos amigos! Como vão todos? Enfim sexta-feira! É, eu costumava dizer com a maior euforia na época da ativa, e hoje me vejo dizendo isso, nem tão eufórico, mas super animado pois tenho vários motivos para estar feliz com o dia de hoje.


  Primeiro que meu amor está subindo a serra hoje depois de uma semana longe um do outro, para comemorarmos  juntos esse mês de superações, tanto da minha parte, pois faço trinta dias limpo amanhã, quanto da parte dela que está se livrando de sua co-dependência aos poucos.


  Me deixar sozinho por um dia já era uma tortura para ela, imagina então uma semana. E ela vem se mostrando valente e confiante pois tem conseguido não ligar mais, de meia em meia hora. E eu por minha vez, faço exatamente tudo conforme combinamos antes de ela descer para o Rio no início da semana. 


   Assim estamos tirando a minha adicção do nosso caminho de uma vez. Restabelecer a confiança é um processo lento e delicado, isso em casos comuns, no caso de voltar a confiar em um adicto o tempo tende a triplicar. E pelo que posso perceber, pode levar anos até ela se sentir confiante novamente, mas nada como um dia após.


   O importante é que ultimamente, no final de cada dia, tudo termina bem, quando nos despedimos a noite para dormir o  que sentimos é que, de só por hoje em só por hoje não sofreremos nunca mais, podemos deitar nossa cabeças no travesseiro e dormir em paz.


  Domingo eu faço trinta e dois anos de idade, e dessa vez eu tenho o que comemorar, estou sentindo-me livre pela primeira vez depois de ter tomado aquela primeira dose lá no início. Liberdade pra mim já foi poder fazer o que eu queria e quando queria. Hoje percebi que liberdade não se alcança sem o minimo de disciplina e comprometimento.


  Quem só faz aquilo que deseja é prisioneiro do egoísmo, do medo de descobrir que não sabe tudo, da falta de coragem para correr riscos, da falta de autenticidade, de que descubram suas fraquezas, da falta de sonhos. 


  Quem só faz aquilo que quer e quando quer, não consegue sair do mesmo lugar por que, tudo de bom que acontece em nossas vidas só acontece no seu tempo certo, não podemos fazer com que elas aconteçam no quando sentimoS vontade. 


  Apenas se eu escolher o caminho que leva até meus sonhos, meus sonhos virão até a mim. E nesse caminho preciso fazer apenas aquilo de que necessitam meus sonhos, suas vontades, assim eles se entregarão a mim.

  

   E é exatamente caminhar na direção dos meus sonhos que me faz sentir-me livre, nada me satisfaz mais do que poder enxergar a aproximação de um sonho em cada passo que dou, em cada escolha que faço, não sou mais cego por satisfações imediatas.


  Obrigado a todos! Mais um dia livre , limpo e sereno!



















terça-feira, 3 de junho de 2014

Uma outra ilusão

                           Nos limites da inconsequência

    Já em São Paulo, comecei a trabalhar logo no segundo dia, estava empolgado com a possibilidade de ganhar bastante dinheiro, pensava em comprar um carro, conhecer a cidade em que nasci e tudo mais. A oficina ficava em um quintal onde também funcionava um estacionamento e, nos fundos a casa da proprietária do imóvel.


   Era uma senhora muito legal e rapidamente fizemos uma boa amizade. Eu a ajudava a consertar algumas coisas e a manobrar os carros no estacionamento. No começo as coisas pareciam que iriam dar certo, e até teria dado, se não fosse o fato de que eu não tinha mais controle sobre a minha adicção fazia tempo e, que em breve eu perderia de vez o juízo.

   No primeiro mês correu tudo bem, eu trabalhava todos os dias, não saia para lugar nenhum e era visto como um bom rapaz pela vizinhança. Já no segundo mês comecei a desandar, passei a beber todos os dias depois do trabalho, sendo que só parava de beber quando não conseguia mais parar em pé. Como sempre, no dia seguinte não tinha a menor condição de trabalhar.

   Ai começaram as primeiras discussões com meu pai, só que como ele não ficava um dia sem beber, também não tinha como me impedir. Mas até ai tudo bem, depois de uma boa bronca eu despertava e pegava no batente executando todo o meu trabalho

   Eu costumava ir todos os dias comprar cigarros em uma banca de jornais que ficava na rua de cima, nela trabalhava um carinha esquisito com cara de maluco mas que era gente fina e, logo éramos amigos. Conversávamos bastante, sobre tudo, inclusive sobre rock'in roll, pois tanto eu quanto ele ouvíamos apenas este estilo de música. Até que um dia ele comentou sobre uma banda da qual eu já ouvira falar, mas nunca tinha ouvido as músicas.

   Ele me disse que se eu gostava mesmo de rock precisava ouvir aquele som e, que depois disso eu não seria mais o mesmo. Ele estava certo. Então ele abriu uma gaveta e tirou de dentro uma fita de video velha e me deu dizendo; "pode ficar com ela pra você". E foi assim que eu conheci o que me faria ficar completamente louco. Na fita havia um adesivo escrito "THE DOORS" 

   No dia seguinte pedi para um amigo do meu pai para assistir a fita na casa dele, pois morávamos na oficina e lá não tinha video cassete. Para a minha alegria ele deixou e saiu me deixando sozinho. Tratava-se do filme que conta a história da banda californiana liderada pelo cara mais alucinado que e já tinha visto, Jim Morrison. 

  Naquele dia o tempo pareceu ter parado, eu fiquei completamente fascinado por aquelas músicas e por aquele sujeito imprevisível. Tamanho foi meu fascínio que assisti o filme três vezes seguidas, só não assisti pela quarta vez por que o dono da casa havia chegado e já era tarde da noite. Me lembro de ter ido dormir naquele dia com aquelas músicas na cabeça, eu ficava repetindo em voz baixa as frases citadas por Jim Morrison durante o filme.

  No dia seguinte já acordei com vontade de assistir o filme novamente, não pensava em mais nada a não ser em como conhecer mais sobre a vida do primeiro ídolo que tive na vida. Sem perceber me tornei devoto daquela banda, só falava sobre isso, eu queria ser Jim Morrison, até decidi deixar o cabelo crescer.

   Consequentemente, isso despertou imediatamente a vontade de me drogar, eu queria experimentar LSD, comecei a procurar e a perguntar por alguém que vendesse a tal droga, mas nunca encontrei, pelo menos por lá. Dai em diante eu adotei a filosofia psicodélica e auto destrutiva de meu mestre; Jim.


   Bebia como um louco pra saber "o que havia do outro lado", e como não tinha drogas passe a inalar thinner(solvente para tintas) diariamente. Entrava no banheiro com uma estopa encharcada daquilo e quando saia não sabia nem aonde estava. E assim continuei, sempre progredindo na insanidade e irresponsabilidade. Descobri que um cara vendia maconha na rua de cima, então passei a fumar todos os dias.

   Com isso, todos que antes me admiravam por ser m rapaz trabalhador, levaram um susto quando foram vendo quem eu era de verdade, isso por que eu tinha aprendido com Jim a não esconder de ninguém que era louco. Como consequência,  a relação com o trabalho ficou totalmente comprometida, pois passei a beber durante o dia também e sempre com uma estopinha com thinner no bolso.

  Definitivamente eu havia perdido o juízo, vivendo numa imensa ilusão. Só que ainda não foi isso que me deu meu diploma de insanidade. O meu ato de loucura e irresponsabilidade maior, ficou por conta do que aconteceu na noite em que eu destruí de vez,  minha já manchada reputação naquele lugar.

  Até hoje eu não acredito que fui capaz de tamanha babaquice. Nesse caso estiveram envolvidos uma garrafa de conhaque, várias cervejas, um carro roubado e é claro, muita estupidez! 


   Enquanto isso...

  Olá  amigos, como vão todos? Hoje acordei pensando no enquanto isso de hoje e agora me dei conta de que há exatos dez anos atrás, eu estava vivendo o que acabo de postar.
            É incrível poder contar isso como se estivesse falando de outra pessoa, e na verdade estou. Não me orgulho de nada que estou contando, porém lembrar de tudo me deixa orgulhoso.
            Pelo simples fato de saber que aquela pessoa não era eu, eu estive lá, mas não pude ser quem eu sou.
            Hoje com a mente aberta, percebo o quão sofrida é a vida de quem não procura se conhecer de verdade. Assumir qualquer identidade para preencher o vazio de ser um completo estranho para si mesmo.
            Isso faz qualquer ser humano enlouquecer, nada pode nos preencher se não a mais clara convicção de quem realmente somos, do que verdadeiramente nos da prazer em ser e simplesmente sermos nós mesmos. Sem fugas!
            As drogas, todas eles, inclusive o álcool só encontram espaço em nossas vidas quando deixamos de praticar o exercício de entrarmos em contato com nosso íntimo, onde muitas vezes encontramos algo que não nos agrada, porém é também onde se encontra tudo aquilo que nos faz feliz.
            Hoje eu entendo que todas as respostas se encontram dentro de mim, e que fugir desse conflito só me afastará ainda mais da verdade.
            Só por hoje eu escuto a voz do meu coração. Obrigada a todos! Continuem Voltando!