DA "DIVERSÃO A DEPRESSÃO
2004 estava
no final, já tinha passado metade do ano quando entrei para o grupo dos insanos
profissionais. Na verdade acho que fui eu quem os profissionalizei, por que, só
depois que eles me conheceram de verdade, foi que eles viram o que era ser
louco ao extremo. Até então eles se divertiam apenas bebendo e se drogando até
cair. Mas comigo eles aprenderam o que era "diversão" de verdade.
Eu os
convencia a desafiar a polícia, isso por eu não podia ver uma viatura ou um
policial por perto que começava a falar asneiras do tipo; "alguém me
prenda por favor, estou com um kilo de cocaína". Ou a cantar,aos berros,
músicas que fazem crítica à polícia, como uma música chamada
"Polícia" dos titãs. Sem contar que nenhuma viatura da polícia que
estivesse sem seus donos por perto escapava de vandalismo.
De alguma
forma tínhamos que danificar, rabiscar, apedrejar e até tentávamos incendiar
algumas as vezes, graças a Deus todas sem sucesso. Fora essa afeição que
tínhamos pela polícia, curtíamos bastante invadir casarões abandonados e fazer
nossas festas por lá. Levávamos aparelhos de som e ficávamos lá a noite toda
com a casa cheia de velas acessas, bebendo, cheirando e usando tudo o que
aparecesse em nossa frente.
Os acidentes
também eram comuns, com tanta gente louca juntas seria impossível ninguém
sair de lá machucado. Por várias vezes fomos retirados desses lugares pela
polícia ou mesmo por seguranças particulares das rua em que resolvíamos tocar o
terror. Vivíamos sempre bêbados e muito drogados, e quase nunca permanecíamos
juntos até o fim da madrugada. Isso por que as brigas entres nós eram
constantes e até comuns, de certa forma nós nos divertíamos até dando porrada
uns nos outros.
Quando o
grupo se dividia por alguma questão, normalmente fazíamos uma votação para sair
do impasse. Mas como eu adorava uma confusão e me diverti com elas decretava
pancadaria, isso por que a última palavra também passou a ser minha. E assim o
pau comia até ir um grupo para cada lado, para então no outro dia nos
encontrarmos novamente e ficarmos rindo dos hematomas uns dos outros.
A galera
pegava pesado nas drogas, alguns fumavam até crack, já outros como meu primo e
Thiago iam ainda mais longe. Certa vez eu estava pela rua procurando por
eles. Fui até a represa e nada. Como não os encontrei lá resolvi ir até a casa
do meu primo ver se eles estavam por lá. Assim que cheguei lá, ainda da calçada
comecei a ouvir os gritos e gargalhadas de vindos de dentro da casa.
Toquei a
campainha e quem veio atender foi meu primo. Eu levei um baita susto quando ele
abriu o portão, o cara estava todo arrebentado, completamente ensanguentado e o
que é pior não parava de rir e não falava nada com nada. Quando entrei
encontrei um cenário de horror, a casa toda destruída , tudo fora do lugar ,
sangue por todos os lados, e num sofá estava Thiago com um saquinho na mão,
também todo quebrado e rindo sem parar.
Logo
descobri que aquilo tudo era resultado da lata de cola de sapateiro que eles
baforaram, duas cartelas de um remédio que eu não devo falar o nome e várias
garrafas de vodca espalhadas pela casa. Os dois idiotas se drogaram tanto que
entraram numa onda de brincar de lutinha, só que nenhum dos dois tinha mais
noção do que estavam fazendo e acabaram se arrebentando na porrada de tão
anestesiados que estavam.
Era
deprimente aquela cena dos dois babando que nem loucos e ensanguentados.
Ocorreram inúmeros casos em que nós nos demos mal por causa das drogas. Mas de
todos alguns são inesquecíveis, como por exemplo o dia em que os policiais
fizeram gincana com a gente na represa. Tudo começou quando ainda estávamos na
casa do meu primo, à tarde. Estávamos cheirando e bebendo o dia inteiro
quando de repente alguém teve a ideia de irmos para a represa.
Antes de
sairmos eu juntei todas as embalagens de drogas que sempre ficavam espalhadas
pela casa e disse ao meu primo que se livrasse delas. Então fomos todos,
eufóricos, cantantes, alegres, drogados e festejantes. Mal sabendo que
naquele dia frio estávamos prestes à participar de uma brincadeira nada
agradável organizada por policiais. Bem vindos a gincana do tronco!
Olá queridos companheiros! Como vão todos?
É com muita tristeza que os digo que gostaria de ter mantido as postagens, que já fazem umas três semanas que não acontecem. O motivo é o pior dos possíveis, eu recaí. Ainda estou fraco pra escrever bem sobre como foi que isso aconteceu, mas só interrompi o uso a dois dias, e hoje encontrei forças para voltar ao nosso blog e dar-lhes explicações pelo sumiço. Está sendo difícil retomar a vida depois de uma rasteira dessas da droga, pois acho que todos sabem que eu estava a trinta e três dias limpo e em tratamento. Não vou me entregar de jeito nenhum, preciso voltar para o grupo, pegar minha fichinha branca e partir pra cima da recuperação. Além disso, outra coisa que me deixa muito motivado é que eu tenho todos vocês que vem acompanhando minha história e me dando força para continuar. Peço desculpa a todos pela decepção e prometo que não vou abandonar minha recuperação e nem vou abandoná-los com o blog. Amentemente é para isso mesmo para nunca nos esquecermos de que o que parece verdadeiro pode ser falso, e do que parece impossível, seja mais possível do que imaginamos. Mais uma vez desfiz de um monte de coisas minhas, só que o que mais está me doendo é que acabei de novo com o sonho de minha namorada de que dessa vez daria certo e que em breve estaríamos nos casando e tendo o nosso tão sonhado bebê. Bom acabar não acabei, por que desta vez vou fazer tudo o que eu não fiz pra ficar limpo , apenas adiei de forma dolorosa esse sonho. Mas tenho medo de ela desistir antes que eu consiga, pois ela já vem tentando isso a mais de dois anos, por isso peço a ajuda de todos, em suas orações, peçam a Deus por mim, pois se eu perder esta mulher eu não sou mais ninguém. Obrigado a todos que tem me dado todo tipo de ajuda, daqui continuarei fazendo a minha parte, contando essa dolorida história e lutando para vencer esse mal e através do meu exemplo tirar muitas pessoa desse buraco frio e escuro chamado dependência química. Um grande abraço a todos!
E fiquem com Deus! Obrigado!