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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Rio, "cidade maravilhosa"

        O ingresso no mundo das drogas

  Chegando ao Rio de Janeiro tive a sensação de que minha vida iria mudar, e realmente mudou, comecei a trabalhar na obra de reforma do prédio onde a oficina funcionaria. Rápida-
mente fiz muitas amizades das quais a maioria não eram nada saudáveis, principalmente os peões da obra  com os quais passei a andar sempre. Com isso comecei a beber com regulari- 
dade, comprar maços de cigarros, frequentar casas de prostituição (inclusive minha primeira
relação sexual foi com uma prostituta paga por meu pai nessa época) e o barzinho que ficava
de frente para a oficina tornou-se o point de todas as noites.
  Claro que nessa época eu não bebia todos os dias, porém já preferia ficar dentro do bar de papo furado do que fazer qualquer outra coisa e com isso acabei conhecendo todos os seus
frequentadores e seus hábitos ilícitos, digamos assim.
  Meu trabalho ficava num bairro chamado Usina, na Tijuca, mesmo bairro onde se situa o 
famoso morro do Borel, e a oficina ficava praticamente de frente para o morro. Era chegada
a hora de eu conhecer a substância que iria devastar a minha vida.
  O ano era de 1999 e eu acabara de completar 16 anos. Diferente da maioria das pessoas que se envolveram com drogas eu não tive a passagem pelas chamadas "drogas leves", até mesmo antes usar cheguei a guardar uma boa quantidade de cocaína para um cara que trabalhava em uma padaria que ficava ao lado da oficina. Certo dia um primo meu de São Paulo veio passear no Rio e ficou no alojamento da oficina onde eu e meu pai morávamos junto com alguns funcionários que também eram de São Paulo . Eu sabia que esse meu primo usava cocaína mas nunca tinha falado sobre isso com ele, porém nesse dia eu resolvi fazer uma surpresa para ele.
   Havia nesse barzinho que eu frequentava, um aviãozinho que buscava drogas para todos ali, o tempo todo, então eu o chamei e pedi que ele comprasse um pouco de cocaína para meu primo, ele chegou a se negar pelo fato de conhecer meu pai e de saber que eu não usava, entretanto no mundo das drogas não existe consciência ou consideração e quando eu lhe mostrei o dinheiro, imediatamente ele partiu para buscar.
   E foi nesse dia que eu experimentei aquela que iria me acompanhar por 15 anos da minha vida. Como muito se ouve falar, foi amor a primeira usada, eu simplesmente me encantei com aquela sensação de poder eufórico e grandiosidade, nada mais era tão legal e divertido do que cheirar aquela porcaria.
  Como se sabe, naquele momento inicial eu jamais poderia suspeitar que naquele inofensivo
saquinho se escondia a mais solitária das prisões que o ser humano pode se encontrar; a dependência química.
 Ainda levaria um bom tempo pra eu ter algum tipo de problema com minha "amada amiga",
porém a obsessão e a compulsão já estava em processo progressivo e sem perceber eu aumentava a quantidade e a frequência do uso, adoecendo lentamente.
  E assim foi, naquele ano em que eu sentia que a vida mudaria eu estava certo, pena que não foi da forma que eu imaginava, eu tinha feito a pior escolha da minha vida, meu destino estava traçado!


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